Homem que levou spray de pimenta nos olhos da guarda municipal pede justiça: 'Não deixar que aconteça com o próximo'
Caso aconteceu no último final de semana, em Araguaína. A guarda municipal que agrediu espirrou o spray foi remanejada para o serviço administrativo até o fim das investigações. Segundo a prefeitura, o homem estava embriagado embriagado e tentando contato com a ex-companheira. Homem agredido por guarda metropolitana em Araguaína pede justiça
O homem que foi agredido e levou spray de pimenta da Guarda Municipal de Araguaína pede justiça após o caso. Em entrevista à TV Anhanguera, ele contou sobre o dia da abordagem e que por ter sido jogado no chão teve piora nos problemas na coluna. Ele não quis se identificar. A situação foi registrada em vídeo por moradores, no setor Araguaína Sul.
“Eu só quero que a lei veja isso aí com os olhos bem abertos para não deixar que aconteça isso com o próximo. Porque isso aí [a agressão] foi um dos que foi visto, sabe? Foi eu. E os outros que tem por aí, sabe? Que ninguém viu”, contou.
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Em nota, a Prefeitura de Araguaína afirmou que o homem estava embriagado, alterado e tentava forçar contato com a ex-companheira. O município também disse que ele desobedeceu às ordens e foi preciso usar instrumentos de menor potencial ofensivo (veja nota completa abaixo).
Homem pede justiça após levar spray de pimenta da Guarda Municipal de Araguaína
Reprodução/TV Anhanguera
No vídeo registrado pelos moradores, o homem de 57 anos aparece dizendo que é trabalhador e um dos três guardas o mandam calar a boca. Mesmo estando com as mãos abaixadas e com tom de voz aparentemente baixo, uma guarda municipal joga spray de pimenta nos olhos dele, que começa a gritar de dor. Depois, o homem leva a mão nos olhos e parece avançar em direção aos agentes, momento em que a guarda começa a bater nele com um cassetete.
Toda a situação aconteceu no domingo (9), pela noite. Segundo o homem, no dia ele estava esperando uma mulher que mora na casa na região.
“Perguntaram o que que eu estava fazendo, falei que estava esperando a mulher da casa do outro lado e eles mandaram levantar a camisa. Eu levantei, eu não estava armado, eles viram que eu não estava armado. Meu documento caiu, fui pegar e mandaram colocar a mão na cabeça de novo. Aí já começaram com a agressão, começaram já a me empurrar com força, já começaram a dar murro no meu peito, já me jogou spray”, contou em entrevista.
O homem já apresentava problemas na coluna e informou que depois da agressão as dores pioraram. Após esse episódio, ele passou a receber acompanhado de profissionais da saúde mental, devido os traumas.
“Eu estou em análise no INSS já por problema de coluna, né? E eu tenho os laudos, tenho os atestados. Só que através disso daí, de me jogarem no chão, de pisar, esmagou minha coluna de novo”.
Conforme a prefeitura, a guarda foi chamada para atender o caso de um homem que estaria forçando contato com a ex-companheira e que por ele não aceitar o fim do relacionamento estaria perseguindo a mulher. A equipe teria pedido para o homem se acalmar, mas ele passou a gritar e empurrar os guardas, que precisaram controlá-lo e levá-lo para delegacia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), quem teria chamado a Guarda foi o filho da mulher.
Agressão aconteceu em Araguaína
Reprodução
O advogado Paulo Roberto da Silva, que faz a defesa do homem, afirmou que não existe possibilidade da aplicação da lei Maria da Penha nesse caso e não existiu nenhum tipo de resistência por parte do homem.
“Eles abordaram esse cidadão, torturaram esse cidadão. Falaram que existia uma possibilidade de Maria da Penha. Eu busquei isso aí, não existiu, eles levaram ele por uma pseudo resistência para justificar o ato insano deles. Agora a guarda municipal vai passar a mão na cabeça de quem comete crime dessa natureza, de tortura? Não. Tem que ser punido severamente, não pode ficar no meio da guarda municipal, que é grande”, disse.
A prefeitura também informou que a agente da Guarda que espirrou o spray de pimenta no rosto do homem agredido será remanejada para serviços administrativos internos durante apuração do caso. A corregedoria da Guarda vai apurar a conduta dos servidores.
Íntegra da nota da Prefeitura de Araguaína
A Prefeitura de Araguaína informa que não compactua com qualquer forma de violência, que trabalha pela ordem pública e o respeito ao cidadão, na mesma medida que solicita o mesmo respeito aos agentes públicos em serviço.
Informa que, na noite do último domingo, 9, a GMA (Guarda Municipal de Araguaína) foi acionada via 153 para atender uma ocorrência sobre um indivíduo tentando forçar contato com a ex-companheira no Setor Araguaína Sul. No local, os agentes de segurança encontraram um homem com sinais de embriaguez e alterado. Conforme relatado pelo denunciante, o abordado não aceitava o término do relacionamento e perseguia a vítima, não sendo a primeira vez que fazia aquilo e, temendo pela segurança da mulher, acionaram a GMA.
Durante a abordagem, os guardas tentaram dialogar com o homem, que apresentava fala arrastada, odor etílico, desorientação, e não respondia aos questionamentos feitos. A equipe solicitou que o abordado se acalmasse e cooperasse com a ocorrência, momento em que o homem começou a gritar, apontar o dedo e empurrar um dos guardas.
Os agentes ordenaram que ele se contivesse e fosse embora, porém, o abordado não obedeceu, sendo necessário o uso de instrumentos de menor potencial ofensivo para controlá-lo. Mesmo assim, ele continuou resistindo e desacatando os guardas, sendo necessário conduzi-lo para a Delegacia de Polícia Civil para os procedimentos legais.
A Prefeitura de Araguaína informa ainda que a conduta dos agentes será apurada pela corregedoria da Guarda e, caso haja constatação de abuso de autoridade, serão aplicadas as medidas cabíveis.
A Prefeitura de Araguaína informa que a agente da GMA (Guarda Municipal de Araguaína) que participou da abordagem no último domingo, dia 9, será remanejada para serviços administrativos internos da instituição durante a apuração do caso.
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