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Pai do volante Rodrigo: “Ele viu os companheiros subindo, já estava um pouco aperreado”



 

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Certamente entre os menos badalados dos meninos que recentemente subiram da base, Rodrigo oferece consistência ao time comandado por Maurício Barbieri e apresenta atuações seguras neste início de temporada. O volante de 20 anos come pelas beiradas e, sem causar alarde, já foi titular em sete dos 10 jogos disputados pelo clube no ano. Mas precisou esperar bastante até chegar a sua vez.

Rodrigo é da geração 2002, cujo principal nome foi Talles Magno. Talles estreou no profissional do Vasco em 2019, aos 16 anos. Disputou uma temporada completa em 2020 antes de ser vendido ao New York City em 2021. O jovem atacante vai para o seu terceiro ano atuando no futebol dos Estados Unidos.

Rodrigo, volante do Vasco, entra em campo acompanhado de crianças — Foto: Daniel Ramalho / CRVG

Outro nome badalado dessa geração, Arthur Sales subiu para o time principal três anos atrás, foi vendido para o Lommel, da Bélgica, cedido uma temporada inteira ao Paços de Ferreira, de Portugal, e agora se prepara para defender o Bahia por empréstimo. O lateral-esquerdo Riquelme, também nascido em 2002, foi lançado no Vasco em 2021 e a essa altura já teria algo em torno de 50 jogos pelo profissional se não sofresse uma lesão séria no ano passado.

Enquanto isso, Rodrigo colocou em prática sua paciência e precisou passar por todas as etapas de formação. O que não significa que tenha sido fácil.

– Ele viu os companheiros subindo da base, ele ficando para trás. Já estava ficando um pouco aperreado – confessa Seu Geovânio Martiniano, nordestino do interior de Alagoas e pai do jogador.

Eu falei para o Rodrigo que a vitória dele é diferenciada, foi uma vitória muito sofrida. Foram muitas conversas para acalmá-lo, estava ansioso demais. Eu dizia: ‘Sua hora vai chegar’.
— acrescentou Geovânio, pai do volante do Vasco

E chegou.

Como vai completar 21 anos em junho, Rodrigo tinha idade para disputar a Copinha, mas foi chamado para o grupo que jogou as primeiras rodadas do Carioca enquanto o elenco principal esticava a pré-temporada na Flórida, nos Estados Unidos. Dessa forma, fez seus dois primeiros jogos como profissional nos empates em 0 a 0 com o Madureira e 1 a 1 com o Audax.

Com a volta do time principal, Rodrigo foi para o banco, mas voltou a receber oportunidades a partir da goleada sobre o Resende, na sexta rodada, e pulou na frente de Zé Gabriel e De Lucca na preferência de Barbieri. O volante, titular nos últimos cinco jogos, já é o quinto jogador da equipe com mais passes completos no Carioca (média de 34,3 por jogo) e o segundo com mais desarmes (16, atrás apenas de Puma Rodríguez, que tem 21).



Rodrigo foi o maior ladrão de bolas na vitória sobre o Boavista, na rodada passada, em São Januário: foram cinco desarmes no total.

– Acho que foi uma ascensão muito rápida – comentou o volante, tão acostumado a esperar, em entrevista recente à “Vasco TV”. – Eu não esperava essas oportunidades que estou tendo. Desde o dia que cheguei aqui pensei em trabalhar mais que todo mundo, mas respeitando o tempo, o espaço de todo mundo. Tudo que está acontecendo na minha vida é fruto de muito trabalho.

Rodrigo, volante do Vasco, em ação contra o Boavista — Foto: Daniel Ramalho / CRVG

De fato, pelos relatos de quem o acompanhou na base, Rodrigo sempre foi um jogador muito esforçado, talentoso e titular em todas as categorias pelas quais passou. E, sobretudo, um menino de bom coração.

Com menos de dois anos de vínculo restantes com o Vasco, Paulo Bracks já iniciou conversas com representantes com o objetivo de melhorar o contrato atual. No que depender de Rodrigo e de Marcelo Costa, seu empresário, a renovação é só uma questão de tempo. “Posso te assegurar que ele vai renovar com o Vasco. O jogador ama o clube, e eu também tenho imensa gratidão”, garantiu Marcelo em contato com o ge.

“Preciso mudar essa condição aqui em casa”

 

Rodrigo é de Barra de São Miguel, em Alagoas. Não foi o primeiro da família a tentar a ganhar a vida com o futebol, já que o irmão Jean e alguns primos por algum tempo seguiram por esse caminho. Mas foi o primeiro a conseguir chegar no profissional de um clube.

Depois de bater no futebol e voltar, Jean herdou do pai a embarcação onde oferece passeios pelo litoral de água cristalina e paisagens espantosas de Barra. Geovânio, por sua vez, faz viagens de jangada na Praia do Gunga, em Maceió. É uma família que tira o sustento do turismo.

– Uma das histórias que mais me toca é que, antes de vir para o clube, aos 13 anos, eu recebi uma bolsa em um colégio em Maceió – conta Rodrigo.

Quando eu ia para a escola, eu perguntava ao meu pai se ele tinha dinheiro para eu poder comprar o lanche na escola. Ele dizia: “Filho, ou a gente te dá o dinheiro para o lanche ou a gente usa para comprar comida aqui em casa”. Toda manhã que meu pai falava isso para mim, me marcava muito. Isso foi um dos combustíveis para mim. Vi o futebol como uma válvula de escape. “Pô, preciso mudar essa condição aqui em casa para a gente não passar mais por esses perrengues” – se lembra o volante do Vasco.

Graças a Deus hoje, lá em casa, a gente já pode ir para um restaurante um pouquinho mais chique. Já superamos isso.
— Rodrigo

Rodrigo, volante do Vasco, começou no futebol ainda no estado de Alagoas — Foto: Arquivo Pessoal

Rodrigo ingressou no futebol primeiro numa escolinha na cidade-natal chamada Projeto Barrinha e, depois, no Sport Club Agrimaq, clube de seu empresário que tem um contrato de parceria com o Vasco.

– Todo dia, quando dava 22h, 23h, eu chegava cansado do trabalho, e a mãe dele dizia: “O Rodrigo ainda não chegou, não”. Eu saía de casa já sabia onde ele estava: no campo da pracinha. “Rodrigo, já são mais de 22h”, eu dizia. E ele respondia: “Deixa eu só fazer mais um gol” (risos) – se lembra o pai.

O Agrimaq tem um contrato de parceria com o Vasco reconhecido pela CBF, o que pavimentou a ida de Rodrigo para o clube de São Januário, onde chegou aos 14 anos de idade e morou até dezembro do ano passado. Ele hoje mora com a esposa Íris – os dois dividem apartamento com o zagueiro Zé Vitor.

– Ele saiu sozinho de casa, com 14 anos. Meteu a cara no mundo grande, era um moleque. Com três meses ele queria voltar, já que ficou sozinho. Mas depois falou que colocou os joelhos no chão e pediu para Deus acalmar o coração dele – conta Geovânio.

– Este ano, na primeira vez que ele jogou no profissional, eu só chorei. Eu só espero que tudo dê certo, aqui tem uma cidade inteira torcendo por ele.

Fonte: ge


admin

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