Com duelos marcantes contra Messi, Ibra e Neymar no currículo, veja como Medel chega ao Vasco

Para responder essas questões, o ge procurou jornalistas que acompanharam os últimos anos da carreira de Medel. As respostas são animadoras. Apesar da idade avançada, o chileno parece estar em boas condições físicas e vinha jogando com frequência no futebol italiano e na seleção chilena.

– Claro que pela idade, Medel não está com a mesma lucidez de 10 anos atrás, mas segue um jogador importante. Acho que faltam esses jogadores ao Vasco, mais pensantes, que resolvam nessa zona do campo. É um bom líder. Para o momento que está vivendo o Vasco da Gama, é preciso um jogador como Medel. Talvez nos treinos não trabalhe com toda força, não seja o mais rápido, o mais técnico. Mas dentro de campo, nos jogos, vai demonstrar uma personalidade que poucos têm nesse time do Vasco – analisou o jornalista chileno José Fernández, da versão online do diário “AS”, que vive no Brasil.

Medel, no entanto, tem muita história no futebol e vale ter sua trajetória contada. Ele é jogador intenso, que joga duro na marcação, e tem no currículo duelos marcantes contra estrelas do futebol internacional, como Messi, Neymar, Ibrahimovic, Cavani…

É apontado por muitos como um líder dentro de campo, que não leva desaforo para casa. Talvez seja mais lembrado pelos brasileiros por brigar e provocar a expulsão de Messi na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, durante a Copa América de 2019. Ele também foi expulso na ocasião.

Seu duelo pessoal com grandes estrelas, no entanto, vai além. Em 2015, durante um amistoso em Londres contra o Brasil, Medel deu um pisão em Neymar. O brasileiro reclamou após a partida, Medel foi ao Twitter rebater as críticas e disse que Neymar “armou um teatro”.

No ano passado, Ibrahimovic foi a vítima, em um confronto entre Bologna e Milan. Na ocasião, os dois se chocaram de cabeça durante uma disputa e caíram no chão sangrando. Tanto Ibra quanto Medel precisaram receber pontos.

Fred, no tenso duelo das oitavas de final da Copa do Mundo de 2014, deu um tapa na cabeça de Medel, após ficar irritado com o chileno. Em tempos sem VAR, a arbitragem não viu a cena. O uruguaio Cavani é outro que já se desentendeu com o futuro jogador do Vasco.

Para o torcedor menos antenado em futebol internacional, Medel é um jogador que frequenta os grandes palcos há mais de uma década. Como volante ou zagueiro, defendeu grandes equipes, como Boca Juniors, Sevilla e Inter de Milão, embora nunca tenha conseguido um título marcante a nível de clubes.

– Medel é um jogador que, acredito, a nível de clube, não tem a melhor das sortes já há alguns anos. Ele começou na Católica, foi para o Boca Juniors e depois para o Sevilla. Acho que, a partir daí, não tomou as melhores decisão e também não teve muita sorte. Foi para o Cardiff, foi para a Inter de Milão, que é uma grande equipe, mas ele jogou em um dos piores times do clube. Depois foi para a Turquia, no Besiktas, onde teve a primeira oportunidade de jogar a Champions League. E, a partir daí, volta à Itália, ao Bologna. Lamentavelmente vimos um Gary Medel sem títulos a nível de clube, o que é bem surpreendente para a sua realidade – disse José Fernández.

Se em clubes não teve grandes conquistas, Medel é um dos símbolos da geração mais vitoriosa da seleção chilena. Apesar de se tratar de um jogador defensivo e não ser propriamente uma estrela, ele sempre foi uma liderança e um jogador muito útil e constante, como mostram seus números. São 155 jogos por seu país. Atleta com mais jogos na história pela “La Roja”, atualmente ele é o capitão do time.

Medel faz parte da geração mais vitoriosa do Chile. Ele se destacou no Mundial sub-20, em 2007, e desde então vem sendo convocado para o time principal. A primeira oportunidade surgiu com Marcelo Bielsa, naquele ano.

Com o Chile, disputou as Copas do Mundo de 2010 e 2014 e foi bicampeão das Copas Américas de 2015 e 2016, as maiores glórias do futebol local. Não chega a ser uma estrela da geração como Vidal ou Alexis Sánchez, mas é ídolo em seu país. Aos 35 anos, ainda é titular e capitão do Chile. Foi o caso do amistoso da última sexta, contra a República Dominicana.

Medel passou por seis países, mas nos últimos quatro anos esteve no futebol italiano. Chegou ao Bologna em 2019. Teve mais altos do que baixos e viveu seu melhor ano na temporada 2021/2022.

– É um jogador que segue tendo muita qualidade. Umas três temporadas atrás ele já não estava tão bem no Bologna. Depois de uma conversa muito sincera com Sinisa Mihajlovic, ele notoriamente perde peso e começa a jogar como zagueiro central em uma linha de três. E, na penúltima temporada, talvez tenha tido seu melhor rendimento nessa posição. Teve partidas de muito destaque contra Juventus, Inter… Jogou muito contra a Roma, de Mourinho. Jogou muito contra o Milan, que foi o jogo em que se chocou de cabeça com Ibrahimovic, e os dois terminam sangrando. Foi uma de suas melhores temporadas – analisou o jornalista chileno.

Uma lesão em janeiro deste ano, no entanto, atrapalhou a sequência de Medel. Ele retornou em três semanas, mas passou a alternar a titularidade com o banco de reservas. Assim como seu posicionamento. Apesar de ter vivido seu melhor momento na Itália como zagueiro, Medel voltou a ser aproveitado como volante na reta final da temporada, como destaca o jornalista Caíque Andrade, produtor de futebol internacional no ge.

– Medel disputou 29 jogos pelo Bologna na última edição da Série A. Sua equipe fez uma campanha decente, ficando na nona posição, num bom trabalho do técnico brasileiro Thiago Motta. Medel começou a temporada como titular e permaneceu na condição até janeiro, quando sofreu uma lesão na coxa direita e ficou cerca de três semanas afastado. Mas não voltou a ter sequência após a lesão. Desde fevereiro, entrou em 12 jogos, sendo apenas o último como titular. No Bologna fez poucos jogos como zagueiro, no início da temporada, numa formação com uma linha de três na defesa. Na sequência, com a mudança tática para o 4-3-3, atuou quase sempre como volante – explicou Caíque Andrade.

Na seleção chilena, no entanto, Medel segue sendo aproveitado como zagueiro.

– Na seleção sempre manteve um nível de médio para alto, jogando sempre como zagueiro, é onde ele se sente mais confortável. Ele sempre disse isso aos treinadores, que prefere ver o campo de frente, na primeira linha de saída da equipe – ressaltou o jornalista chileno José Fernández.

Se Medel jogará como zagueiro ou volante, isso caberá ao novo treinador que o clube ainda busca no mercado. Enquanto isso, o volante chileno é aguardado pelo Vasco na próxima semana para realizar exames médicos. Seu contrato com o clube será até dezembro de 2024.