A Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba da zona oeste do Rio, traz uma reflexão sobre o futuro da humanidade para o carnaval deste ano. Com o enredo Voltando para o Futuro – Não Há Limites pra Sonhar, a agremiação será uma das poucas a abordar temas sem relação com a negritude ou a africanidade durante os três dias de desfile no Sambódromo da Marquês de Sapucaí nos desfiles do próximo mês.
“Nosso enredo para o carnaval de 2025 é uma grande reflexão sobre o futuro tão sonhado. É uma reflexão que precisamos fazer, no sentido de que sonhamos e almejamos tanto algumas situações tecnológicas e esse futuro chegou. O que podemos fazer agora para o futuro da humanidade?”, explica o diretor de Carnaval, Mauro Amorim, que retorna à Mocidade após dez anos.
Amorim questiona: “nossas relações interpessoais vão bem? Nossa relação humana vai bem? Não entramos no mérito da contestação, mas mostramos uma grande reflexão sobre o mundo em que vivemos hoje e o mundo que queremos para o futuro, principalmente.”
Todo o trabalho de pesquisa e construção do enredo foi desenvolvido pelo casal de carnavalescos da Mocidade, Renato e Márcia Lage. Com longa história no samba, a dupla tem passagem por diversas outras escolas, como a Acadêmicos do Salgueiro e a Império Serrano. “Lá atrás, tivemos muitas reuniões em que eles fizeram várias explanações sobre o enredo, e a escola abraçou a ideia desde o primeiro momento, sabendo da importância e do valor que essa discussão tem para os dias atuais”, lembra Amorim.
No dia 19 de janeiro, porém, Márcia Lage morreu, aos 64 anos. A carnavalesca sofria de leucemia, um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas. Segundo Mauro Amorim, foi uma perda irreparável” para a escola. “Ela [Márcia] tem trabalhos muito relevantes dentro da nossa agremiação, mas a melhor forma de homenageá-la é trabalhando, é todo mundo se unindo e entregando um desfile à altura dela, à altura do Renato e à altura de cada torcedor da Mocidade Independente de Padre Miguel.”
“O carnaval é feito de superação, de mostrar que podemos mais nas horas difíceis. Agora, é tirar forças de onde não tem, apoiar muito o Renato e fazer por ela e também pela comunidade”, acrescenta o intérprete da agremiação, José Paulo Ferreira Sierra, mais conhecido como Zé Paulo Sierra.
“A escola superar é muito difícil, porque é uma morte, é uma perda, mas, dentro do possível e do que podemos fazer, a Mocidade está muito preparada para fazer um grande carnaval para ela”, diz o intérprete. Um dia antes da carnavalesca, morreram o intérprete Luizinho Andanças — Luís Fernando Guaglianone dos Santos — e o compositor Zé Glória — José Glória da Silva Filho —, ambos no dia 18 de janeiro.
Mesmo com as perdas recentes, Zé Paulo garante que a escola está preparando um grande desfile para o carnaval deste ano. A Mocidade será uma das últimas escolas a entrar na avenida, abrindo a noite do terceiro dia de apresentações das agremiações do Rio de Janeiro, que se encerra com a Portela, maior campeã do carnaval carioca.
“O enredo tem o DNA da Mocidade, de ser uma escola futurista, de vanguarda, pioneira. E tem o DNA do Renato e da Márcia, que são carnavalescos que prezam por esse tipo de enredo”, ressalta o compositor, em seu segundo ano como intérprete da escola verde e branco. Zé Paulo relembra o desfile do ano passado em que a escola celebrou o caju com o enredo Pede caju que dou… Pé de caju que dá!. Apesar da popularidade do samba, a Mocidade encerrou a competição na 10ª posição no último carnaval.
“Este ano, optamos por uma coisa mais tensa, com conteúdo de alerta, de mensagem, e acaba sendo um paralelo diferente porque saímos de um samba muito popular, viralizando no Brasil todo, e entramos em um samba que fala mais para dentro da comunidade”, destaca. Diferentemente do carnaval anterior, que tinha um samba que a pessoa ouvia “e já saía dançando, pulando, sem se importar com o que estava sendo cantado”, este ano, a escola pretende passar uma ideia de aviso e de necessidade de preservação com a composição musical.
Zé Paulo enfatiza que a mensagem do samba é muito direta. “É de contar um pouco a história de onde viemos e do quanto a tecnologia pode ser importante, mas também do quanto pode prejudicar. Acho que é um samba com uma grande mensagem. A escola entendeu bem isso e consegue transportar isso em forma de canto para quem estar assistindo”, diz o intérprete.
*Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa
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