O cérebro é o órgão mais protegido do corpo humano. Até por isso, “havia dúvida se o microplástico [partícula com menos de meio centímetro] conseguiria chegar lá”, revela a pesquisadora brasileira Thais Mauad.
“A gente resolveu estudar uma estrutura que se chama bulbo olfatório, que é a nossa primeira conexão com o nariz”, continua a professora do Departamento de Patologia da USP. “E encontrou, nesse local, partículas de microplástico”.
O coração também é um órgão nobre. E outro estudo, esse do pesquisador italiano Raffaele Marfella, mostra que pacientes com plástico na carótida, artéria que leva sangue do coração para o cérebro, têm quatro vezes mais chances de ter infarto, AVC ou mesmo morrer.
Nossa equipe conversou com Marfella, que – depois da descoberta – tenta desenvolver um tratamento eficaz para combater inflamações causadas por microplástico.
“As bactérias que se alimentam de plástico o digerem para produzir energia. Essas bactérias agem com duas enzimas. A nossa ideia é isolar essas enzimas e inseri-las onde há contaminação”, explica o professor de Medicina da Universidade Vanvitelli de Nápoles.
Além do cérebro e da carótida, outras pesquisas descobriram microplástico no pulmão, no fígado, nos rins, no leite materno, no sêmen e no sangue. Mas quais são as consequências dessa invasão de plástico no nosso corpo? E mais: o que pode ser feito para minimizar o problema?
As respostas estão no programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil. No episódio “Microplástico na veia”, que vai ao ar nesta segunda-feira (24), a repórter Flavia Peixoto conversa com cientistas, professores, pesquisadores, gestores ambientais e representantes da indústria do plástico.
A reciclagem, na avaliação da maioria dos especialistas no assunto, é importante. Mas não resolve o problema. A saída, ainda segundo eles, é reduzir a produção. Tarefa que não é simples.
“O plástico tem uma limitação técnica e química. Ele só pode ser reciclado uma ou duas vezes”, ataca a gerente de Advocacy e Estratégia da ONG Oceana, Lara Iwanicki.
“Tem plásticos que conseguem ser reciclados dezenas de vezes, depende da tecnologia que você empregar”, defende o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química, André Passos Cordeiro.
“O que o ministério do Meio Ambiente deseja é que o plástico seja usado na menor quantidade possível, tendo em vista o impacto que ele causa hoje nos oceanos, no solo e na saúde humana”, afirma o diretor de Gestão de Resíduos Sólidos do ministério, Eduardo Rocha.
O episódio “Microplástico na veia” vai ao ar nesta segunda-feira (24), às 23h, na TV Brasil.
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