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Brasil

Esquerda mobiliza menos gente que Bolsonaro, e fiasco nas duas manifestações prova que anistia não é pauta das ruas


Manifestação organizada pela esquerda, neste domingo (30), em São Paulo, reuniu 6,5 mil pessoas, segundo pesquisadores da USP. Manifestantes participam de ato contra a anistia para os golpistas do 8 de Janeiro, em São Paulo
RICARDO YAMAMOTO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
A esquerda conseguiu produzir na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (30) um fiasco de público pior do que a registrada na manifestação de Jair Bolsonaro por sua anistia.
Segundo estimativas de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a manifestação da esquerda, liderada pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ), e Guilherme Boulos (PSOL-SP) indicam que o ato reuniu 6,5 mil pessoas, um terço do que Bolsonaro conseguiu juntar na praia de Copacabana — pouco mais de 18 mil, segundo os mesmos pesquisadores.
Se juntarmos a manifestação a favor da anistia, de Bolsonaro, e contra a anistia, de Lindbergh e Boulos, dá um total de 24 mil manifestantes. Isso é menor do que a média de público que o Flamengo levou no ano passado no Campeonato Brasileiro (29 mil). As duas manifestações somadas perdem também para a média de público do Corinthians, de 27 mil torcedores. E ainda é menor do que a média registrada nos jogos do Fortaleza, que é de 26 mil torcedores. A comparação deixa cristalina uma coisa: anistia não é uma pauta das ruas.
Tanto o presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), quanto o do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já haviam manifestado esta certeza antes dos dois fiascos de públicos registrados, tanto pela esquerda quanto pela direita.
Aliados do governo anteviram o desastre, eles acreditavam que se Boulos conseguisse êxito e fizesse uma manifestação maior do que a vista na Avenida Atlântica, ele poderia se cacifar para o cargo de ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República, atualmente ocupada por Márcio Costa Macedo.
Em 2024, Márcio Macedo organizou um evento em comemoração ao Dia do Trabalhador, em 1º de maio, e o resultado também foi um desastre de público. O próprio presidente Lula, irritado, culpou a má organização do evento.
Desde 2013, manifestações de rua provam que a direita e a extrema-direita têm mais capacidade de mobilização do que a esquerda, fenômeno que não é registrado só no Brasil. A edição de domingo do jornal espanhol El País trouxe como manchete o crescimento de movimentos conservadores nas universidades, todos eles ligados a ideias da extrema-direita europeia.
Com o discurso antissistema, a extrema-direita vem conseguindo seduzir jovens mundo afora, cada vez mais inseguros com as mudanças das relações do mercado de trabalho.
O fracasso de público da manifestação de Boulos e Lindbergh fez a alegria de políticos ligados a Bolsonaro, que há duas semanas vinha tentando explicar o fiasco da convocação feita por eles, que esperavam um milhão de pessoas na Avenida Atlântica. O deputado Sóstenes Cavalcanti, líder do PL, desde as 14h mandava em grupos de WhatsApp imagens de drone mostrando grandes vazios na Avenida Paulista e pedindo “vamos espalhar essa vergonha”.
O presidente do PP, Ciro Nogueira, também foi às redes sociais para definir: “vazio total”.
Se na manifestação de Bolsonaro, a Polícia Militar do RJ, a mando do Palácio Guanabara, resolveu dar uma ajudinha, inventando que havia 400 mil pessoas na Avenida Atlântica, neste domingo o papel coube a Lindbergh e Boulos, que superestimaram a manifestação e disseram que tinha mais gente do que a registrada no comício de Bolsonaro.
Ex-presidente Jair Bolsonaro em ato em Copacabana na manhã deste domingo (16)
Betinho Casas Novas / TV Globo

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