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Foto de grávida que morreu na Ucrânia leva prêmio mundial

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10/03 - Ataque a uma maternidade em Mariupol — Foto: Evgeniy Maloletka/AP

10/03 – Ataque a uma maternidade em Mariupol — Foto: Evgeniy Maloletka/AP

Uma mulher prestes a dar à luz com uma ferida no quadril, a mão sobre a barriga e um olhar distante é carregada às pressas em uma maca improvisada.

Ela está deitada sobre uma manta vermelha, que constrata com o cinza do entorno – destroços da maternidade que acabava de ser bombardeada.

Resquícios de fogo e fumaça, árvores sem folhas, janelas sem vidro e aparelhos de ar-condicionado pendurados por fios completam o cenário.

A mulher é transferida para outro hospital. Ela vê seu bebê nascer morto e morre em seguida.

A imagem, uma das mais fortes em um ano de guerra da Ucrânia, foi a vencedora do World Press Photo, um dos principais prêmios de fotojornalismo do mundo. O prêmio foi anunciado nesta quinta-feira (20).

A foto, de autoria do jornalista ucraniano Evgeniy Maloletka, da agência de notícias norte-americana Associated Press, foi tirada em Mariupol, a cidade no sul da Ucrânia que sofreu a invasão mais agressiva e veloz por parte das tropas russas. A cidade foi tomada em dias, ficou sitiada e ainda está sob controle russo.

Maloletk, o produtor de vídeo Mystyslav Chernov e a produtora Vasilisa Stepanenko foram a única equipe de jornalistas que permaneceu em Mariupol após a Rússia fechar todos os acessos de entrada e saída.

Hospital maternidade é bombardeado por russos em Mariupol, no sul da Ucrânia

Hospital maternidade é bombardeado por russos em Mariupol, no sul da Ucrânia

Em 9 de março de 2022, 15 dias depois de tropas russas entrarem na Ucrânia, autoridades locais afirmaram que uma maternidade havia sido bombardeada. A Rússia afirmava se tratar de uma base onde se escondiam extremistas ucranianos – no início da invasão, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmava estar “libertando” o país vizinho do nazismo.

Mas Mariupol sempre foi estratégia para a Rússia – a cidade tem saída para o mar e seria uma ligação por terra entre a Rússia e a Crimeia, península ucraniana anexada por Putin em 2014.

A equipe de jornalistas mostrou mulheres em pleno trabalho de parto atingidas e correndo pelas escadas da maternidade. A foto que levou o prêmio retratou Iryna Kalinina, uma ucraniana de 32 anos que foi uma das feridas com mais gravidade.

Maloletk e seus dois colegas acompanharam a vítima até o hospital para onde ela foi levada e presenciaram os médicos noticiando que ela viu seu bebê, chamado Miron, nascer já morto em consequência dos ferimentos que Iryna sofreu na barriga.

Ela morreu em seguida.

“Para mim, é um momento que o tempo todo quero esquecer, mas não consigo. A história sempre ficará comigo”, disse Maloletka. “É importante que todas as fotos que fizemos em Mariupol se tornem evidências de um crime de guerra contra os ucranianos.”

Após o prêmio, a vice-presidente da Associated Press, Julie Pace, disse que o fotógrafo “capturou uma das imagens mais marcantes da guerra Rússia-Ucrânia em meio a circunstâncias incrivelmente desafiadoras”.

“Sem sua coragem inabalável, pouco se saberia sobre um dos ataques mais brutais da Rússia”, declarou.

World Press Photo

A World Press Photo é uma organização sem fins lucrativos que anualmente premia imagens do fotojornalismo mundial.

Abraço de cuidadora e idosa ganha prêmio internacional de fotografia. Na imagem, Rosa Lunardi, de 85 anos, recebe abraço da enfermeira Adriana Silva da Costa Souza na casa de repouso Viva Bem em São Paulo, em 5 de agosto de 2020 — Foto: Mads Nissen/Politiken/Panos Pictures/World Press Photo via AP

Abraço de cuidadora e idosa ganha prêmio internacional de fotografia. Na imagem, Rosa Lunardi, de 85 anos, recebe abraço da enfermeira Adriana Silva da Costa Souza na casa de repouso Viva Bem em São Paulo, em 5 de agosto de 2020 — Foto: Mads Nissen/Politiken/Panos Pictures/World Press Photo via AP

Em 2021, uma imagem feita em São Paulo foi eleita a foto do ano pela organização. A foto, do fotógrafo dinarmaquês Mads Nisser, mostrava Rosa Luzia Lunardi, de 85 anos, recebendo seu primeiro abraço em cinco meses, da enfermeira Adriana Silva da Costa Souza, com a proteção de um plástico por conta do coronavírus.

A imagem foi feita na casa de repouso Viva Bem, na Zona Oeste de São Paulo, no dia 5 de agosto de 2020.

Fonte: G1.com